segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Itabira Agro Industrial (Parte 2)

http://memoria.bn.br Acervo da Biblioteca Nacional
A região onde hoje ficam localizadas as empresas exploradoras de rochas carbonáticas (calcário) no município de Ribeirão Grande, assim como uma área considerável da região sul do estado de São Paulo, compõem uma das maiores reservas deste tipo de rocha na América Latina. Essa característica do solo proporciona à região um número elevado de cavernas, sendo as rochas que as formam pertencem ao Grupo Açungui (Complexo Pilar), com idade entre 1 bilhão a 1 bilhão e meio de anos.

Os estudos sobre o potencial desta região iniciaram-se na primeira metade do século XX e as primeiras licenças para a exploração comercial da área foram concedidas na década de 1940/50. Porém, a exploração das rochas calcárias já era efetuada antes da instalação da fábrica. Dentro do que hoje é a zona urbana de Ribeirão Grande havia fornos de cal que ainda operavam até, aproximadamente, a década de 1950/60. Suas ruínas ainda podem ser observadas próximas a Escola Estadual Oscar Kurtz Camargo.


Representantes do Grupo João Santos e o governador de São Paulo, Laudo Natel. http://www.arquivoestado.sp.gov.br Arquivo Público do Estado de SP



A fábrica de cimento Itabira começou a ser instalada no bairro Sumidouro na década de 1970, sendo na época considerada a maior fábrica de cimento do país. Ocupando uma área de 404.000 m² (equivalente a mais de 50 campos de futebol), sendo 38.000 m² de área construída destinadas às instalações das matérias-primas, armazenamento de produtos acabados, laboratórios e instalações administrativas construídas graças ao  investimento na ordem de Cr$ 210 milhões (35 milhões de dólares). Sua capacidade inicial de produzir 2 toneladas por dia trouxe uma menor dependência do cimento trazido de Minas Gerais para o estado de São Paulo.

Fontes: 
http://coprocessamento.org.br/cms/wp-content/uploads/2013/03/Ezio_Mantegazza_Cetesb.pdf

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Itabira Agro Industrial (Parte 1)

    Na próxima postagem trarei um apanhado mais detalhado sobre a Itabira Agro Industrial, fábrica de cimento instalada na metade da década de 1970 na cidade de Capão Bonito SP, em um terreno hoje pertencente ao município de Ribeirão Grande SP.

Letras menores: Cimento, papel e açúcar. Eis as armas que o grupo brasileiro, pernambucano da gema lutou pela redenção econômica deste país. Espalhando fábricas pelos quatro cantos do Brasil. Levando, sobretudo a autonomia de cimento às regiões mais distantes. Desenvolvendo novas técnicas e acelerando a produtividade. Criando centenas de novos empregos e gerando novos estímulos nos locais onde se instalou. No 10º aniversário da revolução que mobilizou toda esta Nação para a batalha pacífica e ordeira do seu desenvolvimento, o Grupo Industrial João Santos apresenta suas armas e rende homenagens. Homenagem aos 100 milhões de irmãos brasileiros pelo brilhante destino que estamos e continuaremos cumprindo. Homenagens aos homens que já cumpriram, com sabedoria e justiça suas missões de comando. Homenagem ao homem que irá prosseguir na liderança de um país cada vez mais unido, forte e dinâmico como tem que ser um gigante. Boa sorte, comandante! - Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 18 de abril de 1974. (http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx)
    Este é um anúncio publicado no Jornal do Brasil em 1974, destaca a presença da empresa em seis estados brasileiros com fábricas em Goaina PE, Cachoeiro de Itapemirim ES, Mossoró RN, Codó MA, Capanema PA, Monte Alegre PA, Jaboatão PE, cita ainda a sua mais nova, ainda implantação, e maior de todas em Capão Bonito, sul do estado de São Paulo.

    Além da demonstração de penetração nacional e poderio da empresa, o que mais chama atenção na peça é o alinhamento ao cenário político da época. O general Ernesto Geisel havia sido "eleito" presidente no ano anterior, assumindo o poder no mês de março de 1974. Destacasse ainda a menção ao décimo aniversário do golpe militar de 1964, chamado eufemisticamente de "revolução" ou "batalha pacífica e ordeira".

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Granito Capão Bonito

Um dos símbolos da cidade e tão significativo quanto ignorado pela maioria dos habitantes do município, o Granito Capão Bonito é o atual mineral  – ou melhor, uma rocha formada por minerais – de maior importância comercial retirado do solo capão-bonitense, mais recente riqueza de uma linhagem que começou com o ouro retirado da região das nascentes do rio Paranapanema no século XVIII. Mesmo com essa importância para a identidade local, poucos, ao passar pela rua Altino Arantes, prestam a devida atenção ao passar pelo monumento, inaugurado em 2006, em forma de pirâmide com seu característico tom avermelhado desta rocha que carrega o nome da sua terra natal. 

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O granito, conhecido desde o Império Romano e pelos egípcios, é uma rocha ígnea – ou magmática, se preferir – formada por quartzo, mica e feldspato. Na escala de mohs está entre o nível 6 e 7 de resistência enquanto o mármore se enquadra no nível 3. No Brasil colonial foi utilizado talhado e não polido; em estruturas, portas, janelas, escadas etc. O uso do granito como acabamento decorativo só foi possível na década de 1950 com a chegada de serras diamantadas motorizada. Sua classificação comercial é dividido nas cores vermelho, marrom, amarelo, azul, verde, preto, cinza, branco, bege e rosa. A extração é feita através do sistema helicoidal por fio diamantado,  brocas diamantadas (martelo, compressor), argamassa expansiva ou explosivos.



Os granitos de Minas Gerais são conhecidos pelos seus desenhos rebuscados, com movimento, sem seguir um padrão. Já a Bahia é famosa pelas rochas azuis, como o azul-macaúba e o azul-bahia, o mais caro de todos. O azul-fantástico, extraído em São Paulo, é uma exceção a essa regra. Entre os produtos mais conhecidos, o lilás-gerais e o verde-candeias vêm de Minas; o cinza-prata e o verde-linhares, do Ceará; o gialloveneziano, do Espírito Santo; o cinza-mauá e o verde-ubatuba, de São Paulo. Estes são os maiores produtores, mas todos os estados brasileiros têm granito e há centenas de tipos diferentes.

O granito Capão Bonito destaca-se por uma rocha de coloração avermelhada, com granulação grossa e isotrópica. Devido às suas características de alta homogeneidade textural e sua cor avermelhada, conferem ao granito um padrão estético apreciado internacionalmente, o  que favoreceu o desenvolvimento de imensa lavra de todo o maciço, sendo exportado como rocha ornamental para a Itália e Japão, cujo nome comercial nacionalmente é Granito Capão Bonito e para a exportação Rubi Red Granite.

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No exterior, o vermelho Capão Bonito está presente no Edifício Bank of America, Edifício  Commercial Building e Westin Hotel, todos nos Estados Unidos. Em terras brasileiras, entre as principais construções destacam-se  o piso da Basílica Nossa Senhora Aparecida; a Capela do Pátio do colégio, marco do nascimento da cidade de São Paulo; o Tribunal do Trabalho 15ª Região, em Campinas e o Edifício Cultural Paulista, na capital paulista.
Em Capão Bonito, os primeiros estudos voltados para a prospecção de granito na década de 1930, mas as atividades de mineração se intensificaram a partir da primeira metade da década de 1970. Atualmente a maior empresa que atua na área é a SOMIBRAS – Sociedade de Mineração Brasileira Ltda.